COP30: Ministro do Turismo inspeciona obras de hotéis em Belém; Marina chama valores de ‘achaque’ | Brasil

Segundo apurou o Valor, Sabino tem encontros com o setor hoteleiro da cidade para assegurar a realização do evento em Belém. Em vídeo divulgado pelo Ministério nas redes sociais, o ministro mostrou o hotel Vila Galé Amazonas, que está sendo construído com o apoio do governo federal. Segundo ele, a hospedagem tem leitos “muito confortáveis e diárias na média de R$ 3 mil no período da COP”.

“É orientação do presidente Lula o acompanhamento, passo a passo, das obras de infraestrutura e das obras de ampliação da rede hoteleira aqui na cidade de Belém. Nesse sábado, estamos visitando algumas obras que recebem o apoio do governo federal. Esse hotel, por exemplo, de frente para o rio, com leitos muito confortáveis e diárias na média de R$ 3 mil no período da COP. […] Seguimos trabalhando para fazer a maior e melhor COP da história da ONU”, declarou.

Já a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, criticou o aumento nos preços de hospedagem. Em evento em Paraty, no Rio de Janeiro, Marina definiu a elevação dos valores como “um verdadeiro achaque” e “absurdo dos absurdos”. A chefe do Meio Ambiente, no entanto, descartou a possibilidade de transferir o evento sobre o clima para outra cidade.

“O que está acontecendo, como disse o embaixador [André] Corrêa do Lago, é um verdadeiro achaque. Não podemos aceitar que os países todos que estão preocupados com o futuro das suas existências, principalmente os países mais vulneráveis, não possam participar de uma das COPs mais importantes da nossa história”, afirmou.

Marina afirmou que o governo federal está se esforçando para viabilizar a participação de todos os países no evento. “O presidente Lula decidiu que a COP ia ser em Belém e trabalhamos muito para viabilizar que seja em Belém. Todos os esforços têm sido para a manutenção da decisão de ser uma COP em Belém. Claro que temos que superar todas as dificuldades”, completou.

Apesar da pressão internacional para que o Brasil não realize a COP30 em Belém, diante da falta de infraestrutura hoteleira, o governo brasileiro não cogita, no momento, mudar a cidade sede.

Segundo apurou o Valor com fontes ligadas à organização da Conferência do Clima da ONU, o governo brasileiro aposta em estratégias como separar a cúpula dos chefes de Estado da conferência, disponibilizar dois navios de cruzeiro para acomodar 3,9 mil pessoas e quartos de hotel “mais baratos” — entre US$ 100 e US$ 200 — para aliviar a pressão por hospedagem em Belém. No entanto, há preços mais elevados sendo praticados, o que pode comprometer sobretudo a participação de delegações de países em desenvolvimento e com menos condições de pagar.

Em uma reunião de emergência convocada na terça-feira (29) pela ONU Clima — mais conhecida pela sigla UNFCCC—, representantes de três regiões — África, países-ilha e América Latina — pediram formalmente para que a COP30 não aconteça em Belém.

Na ocasião, o governo brasileiro foi duramente questionado por representantes pela falta de acomodação na cidade paraense e preços extorsivos da rede hoteleira e de donos de imóveis. A expectativa é que o Brasil proponha uma solução até 11 de agosto, data em que haverá uma nova reunião para tratar dos preparativos da conferência.

Na quinta-feira (31), o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, admitiu que alguns países pediram que o evento não seja em Belém e criticou o que chamou de preços “extorsivos e abusivos” cobrados pelo setor hoteleiro. Segundo o embaixador, “há uma sensação literalmente de revolta dos países por essa insensibilidade”.

“A Casa Civil está coordenando um grupo de trabalho, é um esforço muito grande do governo de conseguir fazer os hotéis baixarem o preço porque a legislação brasileira não pode impor isso aos hotéis”, afirmou Lago em entrevista a correspondentes estrangeiros. “Eu acredito talvez que os hotéis não estejam tomando conta da crise que eles estão provocando”, completou.