Trump mobiliza Pentágono por guerra às drogas e surpreende governo brasileiro | Política

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O governo brasileiro foi surpreendido pela manchete do “New York Times” de que Donald Trump ordenou ao Pentágono o uso de Forças Armadas contra os cartéis latino-americanos de drogas classificados pelo governo americano de “organizações terroristas”. Desde sua posse, Trump tem empreendido esforços no sentido de enquadrar o crime organizado que tem o Brasil como base nesta condição.
Em maio deste ano, representantes do governo americano estiveram no Ministério da Justiça numa tentativa de dobrar o governo brasileiro no sentido de colocar esta rubrica sobre facções como o PCC e o Comando Vermelho. O governo rechaçou a pressão que recebera guarida sob o governo Jair Bolsonaro.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), à época, chegou a reivindicar como sua a sugestão para que essas facções fossem enquadradas como terroristas. Em 2021, o Senado aprovou projeto do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) que tipifica como “terroristas” as condutas de grupos criminosos organizados. O projeto seguiu para a Câmara.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, repudiou qualquer ideia de que os EUA possam vir a usar suas Forças Armadas para invadir seu país. “Os Estados Unidos não virão para o México com seus militares. Nós cooperamos, colaboramos, não haverá qualquer invasão. Está completamente fora de questão”.
No Brasil, a visão, entre os militares, é de que as Forças Armadas dos dois países são “aliadas”. Os exércitos brasileiro e americano têm operações conjuntas que acontecem, alternadamente, em ambos os países. Em outubro, uma operação conjunta dos dois exércitos acontecerá em Petrolina (PE).
O acordo militar, vigente desde os anos 1950, que assegura treinamento, pesquisa, compras e manutenção de equipamentos, segue inalterado, segundo informações do Exército. As ameaças americanas traduzidas pela aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, na suspensão de vistos de ministros do STF e na publicação, pelo Departamento de Estado, de ameaças subsequentes a autoridades brasileiras que prestem apoio ao ministro sancionado são vistas, no Exército, como “coisas da política” que não contaminam as boas relações entre as duas forças militares.
Reminiscências golpistas como a do general Alberto Mendes Cardoso, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Fernando Henrique Cardoso, hoje com 83 anos, surpreenderam mas foram vistas como isoladas e sem capacidade de reverberação. “Exército de todos os brasileiros, a hora é esta! O povo está a ponto de fazer o que suas Forças Armadas devem levar avante!”, escreveu o general, considerado um dos mais moderados de sua geração, nas suas redes sociais. Teve apenas 179 curtidas no Facebook.
No Itamaraty e na Defesa, ainda que não se descarte qualquer desfecho, a avaliação é que, por mais desmedido que Trump esteja, a máquina de guerra americana não vai se deixar mover por seus devaneios. Um cenário em que as sanções americanas se estendam a setores estratégicos, como a suspensão no fornecimento de peças da Boeing à aviação brasileira ou das licenças de software de empresas americanas, como aconteceu com a Rússia ou o Irã, não está contemplado.
A notícia de que Trump acionou o Pentágono para uma guerra às drogas pegou o Brasil num momento de reação à escalada retórica do Departamento de Estado ameaçando “aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas” a não “apoiar nem facilitar sua conduta”. “Estamos monitorando a situação de perto”, conclui a nota da seção do hemisfério ocidental do Departamento de Estado, a segunda em três dias contra as instituições brasileiras.
Convocação do encarregado americano de negócios
Na tarde da quinta (7), o encarregado de negócios da Embaixada americana, Gabriel Escobar, foi convocado pela terceira vez pelo Itamaraty em função das notas do Departamento de Estado. Às 9h desta sexta (8), o secretário interino de Europa e Estados Unidos, Flavio Goldman, o recebeu. O encontro durou 15 minutos e o encarregado de negócios ouviu do diplomata brasileiro que as manifestações são “inaceitáveis”.
A convocação do Itamaraty foi feita no mesmo dia em que Escobar foi recebido pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. O encontro preocupou a chancelaria brasileira pela deferência de ter sido promovido pelo segundo cargo na hierarquia do poder no país no dia de uma escalada na agressão americana. No gabinete de Alckmin, que vem sendo pressionado a abrir canais com o governo americano, a visão é de que o vice-presidente limitou-se a discutir o tarifaço.
Até a tarde desta sexta, estava descartada uma nota adicional de repúdio à manifestação do Departamento de Estado. Foi o ministro Flávio Dino, no STF, que saiu em defesa do colega: “À luz do direito internacional não se inclui nas atribuições da embaixada de nenhum pais estrangeiro ‘avisar’ ou ‘monitorar’ o que um magistrado do STF, ou de qualquer outro tribunal brasileiro, deva fazer. Respeito à soberania nacional, moderação, bom senso e boa educação são requisitos fundamentais na diplomacia”.
No Executivo, foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quem cobrou, internamente, aos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma postura de defesa do Brasil. “Os governadores têm que começar a defender o interesse de seus Estados. Passar a mão no telefone e ligar para a oposição. E pedir pra parar de atrapalhar o país. É o único país do mundo que tem uma força em Washington trabalhando contra o interesse nacional. Tem algum indiano, chinês, russo, europeu fazendo isso? É preciso uma ação coordenada dos governadores, dos empresários para inibir um crime de lesa-pátria que está sendo cometido diariamente nos jornais”, disse o ministro à saída da Fazenda na manhã desta sexta.
No dia anterior, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, encontrou outros nove governadores em Brasília e visitou Bolsonaro. À saída, defendeu os arruaceiros do Congresso Nacional e fez uma ginástica retórica para inverter o ônus da agressão internacional. Primeiro reivindicou “autonomia e liberdade” para o Congresso para “legislar sem pressão”, pautando e aprovando projetos como o da anistia. Depois se disse preocupado com a “marcha da insensatez e com os efeitos deletérios do estressamento das relações com os EUA”: “A gente acabou indo para um caminho ruim, um caminho que acabou agredindo um parceiro histórico do Brasil, um grande investidor estrangeiro direto”.
Cresce, internamente, no governo, a pressão para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV.
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